segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O PLANEJAMENTO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA PRÁTICA EDUCACIONAL

O PLANEJAMENTO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM NA PRÁTICA EDUCACIONAL


Analina Vieira Sipaúba
Orientador: Msc. Alisson Vieira Costa

RESUMO

O ato de planejar é uma atividade que faz parte do cotidiano do ser humano, estando presente em ações simples como planejar as ações para o fim de semana e, principalmente, em ações mais complexas como determinar o que é preciso ensinar ou qual a melhor forma de se transmitir o conhecimento. E partindo-se da premissa de que o planejamento é a relação entre o pensar e o fazer, este artigo buscou analisar a importância do planejamento do processo de ensino- aprendizagem na prática educacional para esta sociedade globalizada, utilizando-se para tanto a pesquisa bibliográfica de cunho descritivo qualitativo, em que se pode constatar que mediante as inovações tecnológicas e os novos espaços de conhecimento houve mudanças significativas no perfil escolar exigindo cada vez mais do docente uma didática renovadora e progressista.

Palavras-Chave: Planejamento. Processo de ensino-aprendizagem. Prática pedagógica.


1 INTRODUÇÃO
A necessidade do homem de adquirir conhecimento, crescer e conquistar novos espaços o acompanha em todo seu processo evolutivo, trazendo como resultados a inserção de novos hábitos, pensamentos e conceitos. E o processo educacional, assim como as demais ações do homem são frutos da sua capacidade de raciocínio e dependem fundamentalmente de um planejamento, tendo em vista atingir objetivos pré-estabelecidos.
Percebe-se que a ação de planejar é intrínseca ao ser humano e está diretamente ligada ao pensamento futuro, ocorrendo em contextos diferenciados. O planejamento em qualquer esfera requer organização, a tomada de decisão e tentativa de previsão. Com relação ao planejamento no setor educacional, objetivo de estudo deste artigo, apresenta-se como um ato político-pedagógico, uma vez que, expõe a forma como se desencadeará o processo de ensino-aprendizagem.
O educador, enquanto aquele que organiza e difundi conhecimentos através de diversas possibilidades possui uma grande responsabilidade social, visto que, através do que transmite e da forma como transmite, um dado conteúdo poderá ser absorvido ou não pelo discente. Portanto, na atividade educativa o planejamento das atividades a serem desenvolvidas no âmbito da sala de aula apresenta-se como ponto de partida para o trabalho pedagógico do docente, pois, em sentido amplo, o planejamento corresponde, antes de tudo, à aplicação da análise sistemática e racional ao processo de desenvolvimento da educação, onde o objetivo é fazer com que o processo educacional seja eficaz e eficiente aos alunos e à sociedade.
Quando se relaciona o termo planejamento à educação, inúmeras são as questões que surgem, tais como, quais as finalidades pedagógicas de um planejamento de ensino? Por que o professor deve planejar? Qual é a sua importância para o processo de ensino-aprendizagem? Para a realização deste artigo e na tentativa de se responder esses questionamentos e refletir sobre a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, utilizou-se enquanto metodologia a pesquisa bibliográfica, foi feito o levantamento dos dados escritos em livros, artigos de revistas, internet, dentre outros, fazendo-se uma análise descritiva qualitativa sobre o tema.
Obviamente, que não é apenas um bom planejamento que trará os resultados esperados, já que a educação é o conjunto de muitos outros fatores, como a relação entre professor e aluno, a didática empregada em sala de aula e assim por diante. Desta forma, este trabalho vem explanar sobre a importância do planejamento do ensino-aprendizagem no trabalho do docente, tendo em vista as dificuldades encontradas pelos mesmos no planejamento das atividades a serem desenvolvidas, o que muitas vezes ocasiona o insucesso do seu trabalho.

2 CONCEPÇÕES SOBRE PROJETO PEDAGÓGICO E PLANEJAMENTO DE ENSINO
O pilar do desenvolvimento socioeconômico e político de uma nação é a educação e o homem enquanto integrante da sociedade vive em constante processo de aprendizagem, sendo que no contexto escolar para que a sociedade receba um ensino de qualidade, é imprescindível que se compreenda a importância do projeto pedagógico e do planejamento como fator de mudança, renovação e progresso, uma vez que, é por meio destes que o processo educacional se desenvolve de forma eficaz e eficiente.
O processo educacional tem como base duas palavras-chave: ensinar e aprender, ambas distintamente definidas no dicionário, mas intrinsecamente associadas no cotidiano do ser humano.
Por ensinar, no contexto atual, segundo a concepção de Gadotti (2002) compreende-se o ato de orientar, de articular o conhecimento com a prática, de mediar, de mostrar, de transferir, ou seja, consiste em ações múltiplas, consideradas próprias de um docente que é tido como o agente principal do processo de ensino-aprendizagem, uma vez que, as atividades educacionais centralizam-se nas suas qualidades e habilidades. Assim, ensinar é guiar, é conduzir o educando a aprendizagem.
Contudo, quando a palavra em questão é aprender, a percepção passa a ser a de busca por novos conhecimentos, capacidade de adaptação, absorção, aquisição, quer dizer, “não é um ato findo. Aprender é um exercício constante de renovação” (FREIRE, 1996 apud AVELLAR, 2009).
Todavia, para ambos os termos, o docente se vê diante de inúmeros questionamentos que influenciarão em todo o processo educacional, como, o que ensinar ou como avaliar o que foi aprendido? Por isso, partindo-se da compreensão a cerca do que vem a ser ensinar e aprender pode-se dizer que a eficácia do processo educacional depende diretamente do planejamento do processo de ensino-aprendizagem que requer da organização escolar a construção de um projeto pedagógico que, elaborado coletivamente, possibilite à escola cumprir sua função de instância socializadora do saber.
Deste modo, o projeto pedagógico é um produto do planejamento, pelo fato de serem registradas nele ações voltadas para um período de longo prazo, ou seja, é uma proposta que analisa o presente para tentar viabilizar objetivos futuros, conforme explica Gadotti apud Veiga (2001, p. 18):

Projetar significa tentar quebrar um estado confortável para arriscar-se, atravessar um período de instabilidade e buscar uma estabilidade em função de promessa que cada projeto contém de estado melhor do que o presente. Um projeto educativo pode ser tomado como promessa frente a determinadas rupturas.

Nesse sentido, o projeto pedagógico não visa uma ação imediatista e sim continuada, considerando a realidade da escola. Para Vasconcellos (2002, p. 143) o projeto pedagógico é definido como: “um instrumento teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o que é essencial, participativa”
O projeto pedagógico é a chave da gestão escolar, devendo ser revisto e em determinados casos reformulado a cada ano. Somente com a prática surgem novas idéias, que, por sua vez alimentam novas práticas, e assim por diante. Devido às atuais modificações tecnológicas, a escola está deixando de ser apenas o local onde se acumulam conhecimentos, que tem no professor o depositário da sabedoria e no estudo, um fim em si mesmo e passa a ser um local de grande reflexão, onde mestres, alunos e pais passam a pensar de forma integrada.
Portanto, a elaboração do projeto requer que se leve em consideração, através de observações críticas, as possibilidades e as limitações do contexto escolar definindo os princípios norteadores da ação, para que seja possível definir de forma clara e precisa o que se almeja alcançar, sendo necessário estabelecer caminhos e etapas para o trabalho, designando tarefas para cada um dos sujeitos envolvidos e avaliando o processo e os resultados.
Quanto ao planejamento, de maneira geral, representa uma gama de idéias que buscam solucionar um determinado problema, sendo a base para uma ação sistemática, caracterizando-se como a busca de equilíbrio entre meios e fins, entre recursos e objetivos, com o objetivo de melhorar o funcionamento de empresas, instituições, setores de trabalho, organizações grupais, bem como de outras atividades humanas.
Logo, tomando a opinião de Vasconcellos (2002, p. 35) “planejar é antecipar mentalmente uma ação a ser realizada e agir de acordo com o previsto; é buscar fazer algo incrível, essencialmente humano: o real ser comandado pelo ideal”.
No setor educacional, segundo a lição de Turra et. al (1998, p. 14) o planejamento se impõe como recurso de organização, sendo a base de toda a ação educativa, por ter em vista “a situação presente e possibilidades futuras, para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades do desenvolvimento da sociedade, quanto as do indivíduo”. Portanto, é o processo de decisão sobre atuação concreta dos professores na sua prática pedagógica, envolvendo as ações e situações, em constantes interações entre professor e alunos e entre os próprios alunos (PADILHA, 2001).
É por meio do planejamento que o docente desenvolve com seus alunos atividades direcionadas e programadas para viabilizar o desenvolvimento das habilidades dos discentes de maneira que estes cresçam não só no âmbito da sala de aula, mas em todas as etapas de sua vida. Assim, o planejamento do processo de ensino-aprendizagem viabiliza uma melhor absorção dos conteúdos por definir o que é essencial dentro de cada unidade.
O ato de planejar não pode ser dissociado da educação, uma vez que é a prática que mais aproxima o desenvolvimento do sistema educacional com o desenvolvimento econômico, sociopolítico e cultural do país, pelo fato de estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a execução da ação educativa e possibilitar a avaliação das ações estabelecidas, articulando de maneira inteligente todas as etapas do trabalho escolar que envolve as atividades entre docentes e discentes, de modo a tornar o ensino seguro, econômico e eficiente.
Então, o planejamento do ensino é o processo de pensar de forma sistematizada e em conjunto os problemas da educação escolar, no processo ensino-aprendizagem abrangendo três fases: a elaboração, execução e avaliação de planos de ensino. O planejamento, nesta perspectiva, é, acima de tudo, uma atitude crítica do educador diante de seu trabalho docente.
Fusari (1989, p.10) aponta que o planejamento de ensino é, portanto, o processo que envolve "a atuação concreta dos educadores no cotidiano do seu trabalho pedagógico, envolvendo todas as suas ações e situações, o tempo todo, envolvendo a permanente interação entre os educadores e entre os próprios educandos"
Diante desta percepção pode-se, então, dizer que o planejamento educacional está muito aquém do preenchimento de formulários previamente traçados, pelo contrário, é na verdade a chave para a excelência do processo educacional, portanto, a ausência de um processo de planejamento do ensino nas escolas, aliada às demais dificuldades enfrentadas pelos docentes no exercício do seu trabalho, tem levado a uma contínua improvisação pedagógica nas aulas. Em outras palavras, aquilo que deveria ser uma prática eventual acaba sendo uma "regra", prejudicando, assim, a aprendizagem dos alunos e o próprio trabalho escolar como um todo.
Logo, o preparo das aulas é uma das atividades mais importantes do trabalho do profissional de educação e nada substitui tal tarefa, já que o planejamento passo a passo vai tecendo a rede do currículo escolar proposto para determinada faixa etária, modalidade ou grau de ensino.
A partir daí, entende-se a aula, no contexto da educação escolar, como o momento em que o educador faz a mediação competente e critica entre os alunos e os conteúdos do ensino, sempre procurando direcionar a ação docente para: estimular os alunos, via trabalho curricular, ao desenvolvimento da percepção crítica da realidade e de seus problemas; estimular os alunos ao desenvolvimento de atitudes de tomada de posição ante os problemas da sociedade; valorizar nos alunos atitudes que indicam tendência a ações que propiciam a superação dos problemas objetivos da sociedade brasileira.

3 A PRÁTICA EDUCATIVA E AS DIFICULDADES DO PLANEJAMENTO

A prática educativa é uma tarefa repleta de desafios, pois o educador deve compreender que enquanto mediador do conhecimento, não repassa para seus alunos somente os conteúdos dos livros, mas suas experiências e percepções do mundo devendo, por isso, estar sempre atento e consciente do seu papel na formação de cidadãos críticos e reflexivos.
De acordo com Libâneo (2001), o planejamento é um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social, ou seja, o ambiente escolar e mais precisamente da sala de aula não podem ser dissociados do ambiente social, o que significa dizer que no ato do planejamento o professor tem a difícil tarefa de fazer associações entre o conteúdo programático estabelecido no projeto pedagógico e as vivências do cotidiano.
A educação é uma ação social e universal, um processo lento e cheio de etapas, nesse sentido, Freire (2001, p. 20) leciona que:

A educação é permanente não porque certa linha ideológica ou certa posição política ou certo interesse econômico o exijam. A educação é permanente na razão, de um lado da finitude, de outro, da consciência que ele tem da sua finitude. Mais ainda pelo fato de, ao longo da história, ter incorporado à sua natureza “não apenas saber que vivia” mas “saber que sabia” e, assim saber que podia saber mais. A educação e a formação permanente se fundam aí.

É nesta busca permanente pelo conhecimento e por uma melhor prática docente, que os professores se deparam com as dificuldades para responder os questionamentos que devem fazer parte de toda a sua jornada profissional, como: o que é importante ensinar? Como ensinar? O que devo aprender para ensinar melhor? O que o aluno precisa aprender para se formar como um profissional-cidadão? Como o aluno aprenderá melhor? Que técnicas favorecerão o processo de ensino-aprendizagem? Como será feita a avaliação de forma que o incentive a aprender e assim por diante.
Para tanto, à medida que encontra as respostas, suas expectativas para um bom resultado de sua ação pedagógica tendem a aumentar e o resultado de seu trabalho pode refletir, por exemplo, em uma melhor interação com seus alunos. Portanto, à proporção que se concebe o planejamento como um meio para facilitar e viabilizar a democratização do ensino, o seu conceito necessita ser revisto, reconsiderado e redirecionado, não devendo, em hipótese alguma, ser minimizado ou definido como uma atividade estanque ou obrigação burocrática.
Então, se planejar o ato de ensinar requer, antes de tudo, o traçado de metas a serem alcançadas, como determinar e chegar a tais metas tendo em vista que muitas vezes falta ao educador o preparo didático adequado, ou mesmo uma boa estrutura escolar?
O primeiro passo a ser transposto é a definição, mesmo que de maneira implícita, das metas especificas a serem atingidas em cada aula, sendo que para tal planejamento, é necessário que se defina primeiramente o conhecimento prévio que os alunos possuem, sejam eles espontâneos ou científicos. A tensão entre esta representação e as metas a serem atingidas constitui a fonte de propostas didáticas continuamente diferentes, tornando-se o maior antídoto contra a rotina no trabalho do professor.
Outro ponto de difícil escolha são os métodos a serem empregados na prática docente, deve-se considerar a individualidade dos discentes somada ao todo, o que significa dizer que os recursos a serem utilizados precisam ser determinados considerando a maior probabilidade de conhecimento e aceitação dos alunos e, para que o professor possa escolher a metodologia a ser empregada a fim de melhorar o seu trabalho é fundamental que esteja aberto às inovações trazidas pela globalização como os cybers espaços e se disponha sempre a aprender.
Entretanto, talvez a principal dificuldade para o planejamento da prática educativa esteja no descrédito dos docentes, pois inúmeras vezes aquilo que é planejado não é executado, causando frustração e a sensação de que o tempo dedicado a esta ação é inútil.
Porém, é preciso entender que o planejamento não é algo taxativo, que não pode ser alterado, pelo contrário, planejar é criar uma base para o trabalho educativo e não a fórmula perfeita. Mas talvez, o maior impasse seja o fato de que muitos planejamentos são feitos fora da realidade dos alunos e da escola e, principalmente, realiza do fora de um ambiente participativo já que na maioria das escolas apenas um pequeno grupo é encarregado de tal tarefa, enquanto que a maioria só executa, não havendo, deste modo, nenhuma discussão sobre o que é mais adequado ou não ensinar.
Ao se ter sobre o planejamento tais percepções, os educadores mostram que as dificuldades não existem apenas com relação ao ato de planejar em si, mas, sobretudo, ao ato de educar como um todo, uma vez que o processo de ensino-aprendizagem ocorre a partir de situações concretas do nosso dia-a-dia.
Todavia, vale lembrar que, assim como existem professores que acreditam que planejar é impossível, existem também aqueles que crêem na necessidade do planejamento, mas que apontam como dificuldade para a execução das ações planejadas, a falta de compromisso do governo e seus agentes para com as metas determinadas na escola.
Pode-se dizer então, que a mudança deste quadro, depende da consciência do educador de que o seu trabalho é um artesanato social, onde a cada dia o seu trabalho contribuirá para a confecção de uma peça importante que se chama cidadão, pois mesmo diante de tantas dificuldades, é somente através da sua consciência e luta que a prática educativa pode vir a chegar ao patamar que se espera, já que o planejamento do ensino é uma prática que lhe cabe diretamente e que está sempre presente no cotidiano escolar mesmo sob a forma de exigência institucional, devendo o professor se colocar como sujeito do processo educativo.
Assim, antes que o educador veja o planejamento de suas atividades apenas como uma questão técnica deverá percebê-lo como questão política, na medida em que envolvem posicionamentos, opções, jogos de poder, compromisso com a reprodução e transformação.

4 O PLANEJAMENTO COMO PONTO DE PARTIDA PARA O SUCESSO DO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Se na educação, assim como em outras atividades, o planejamento das ações a serem desenvolvidas é o caminho para chegar aos objetivos traçados, é indispensável, então, que o sistema educacional ofereça ao professor as condições necessárias para a execução de suas tarefas, para isso, é importante que desde a sua formação o docente possa experimentar a elaboração e execução de um planejamento didático.
O processo de ensino-aprendizagem se dá pela interação entre aquilo que é ensinado e aquilo que é absorvido e o planejamento, neste sentido, deve considerar, sintetizar e unir as experiências do cotidiano dos alunos com os conteúdos a serem desenvolvidos, facilitando a compreensão tanto o trabalho do professor quanto a aprendizagem dos alunos. A preparação daquilo que será passado ao aluno com antecedência, ou seja, aulas com começo, meio e fim, na qual o aluno tenha claro o que vai apreender e o sentido desse conteúdo para a vida podem diminuir consideravelmente os índices de recuperação, repetência ou evasão.
O aluno precisa se sentir motivado, por isso vale ressaltar que aulas improvisadas ou não preparadas antecipadamente, com utilização intensiva do livro didático é o primeiro passo para a desmotivação do aluno e os conflitos com o professor.
A partir do planejamento, o professor pode, por exemplo, desenvolver trabalhos voltados para os alunos com mais dificuldades de aprendizado, ou mesmo para aqueles mais rebeldes, programando trabalhos grupais, incentivando-os a participar das aulas e assim elevando a auto-estima.
Por isso, a atividade docente deve visualizar suas ações a médio e em longo prazo, considerando o presente e avaliando as experiências do passado, aproveitando-as para o futuro, pois grande parte dos bons frutos colhidos na educação dependem da coerência e precisão do planejamento. Logo, se pensarmos na educação como sendo uma construção de edifícios, onde cada andar é planejado e construído passo a passo, certamente torna-se mais fácil o trabalho do educador, pois este não terá que ter soluções imediatas.
Outra questão dentro desta perspectiva é a de que muitas vezes o professor conta apenas com seus próprios recursos para elaborar seus planos de trabalho, assim, é importante que os docentes trabalhem de forma cooperativista, interagindo e trocando informações como forma de traçar linhas de ações comuns a todos.
Em amplo sentido, pode-se dizer que o planejamento de ensino contribui profundamente para a segurança que o professor terá ao expor o conteúdo em sala de aula, o que é importante para o discente, pois ao tirar uma dúvida, dificilmente o professor vacilará na resposta, tendo em vista o seu prévio preparo. Assim, o professor deverá preocupar-se com tudo o que for exposto em sala de aula estando atendo para as discussões de temas atuais e ao uso das novas tecnologias, pois tudo o que é explanado influência em maior ou menor grau na formação do aluno.
Sobre este aspecto, Castilho e Ribeiro (2000, p. 33) explicam que:

O planejamento da ação pedagógica não pode deixar de considerar os impactos das constantes transformações da sociedade e da informação. O impacto de fenômenos como mundialização/globalização sobre a cultura desafia os conteúdos escolares, questiona o papel da educação escolar no âmbito das demandas por educação e ensino, põe em cheque as formas de relacionamento entre as diferentes classes sociais e o saber escolar e redimensiona a discussão das relações cultura(s) e escola.

Para que haja prática educativa e conseqüentemente exista o processo de ensino-aprendizagem é indispensável que haja teoria, deste modo, a relação estabelecida entre teoria e prática através do planejamento é o ideal para a aplicação da práxis pedagógica. Portanto, planejar, de acordo com Vasconcellos (2002, p. 46): “é, no sentido autêntico, para o professor um caminho de elaboração teórica, de produção teórica, da sua teoria”. Ainda de acordo com Vasconcelos (2002, p. 47):

A relação entre o pensamento e a palavra é um processo, um movimento continuo de vaivém do pensamento para a palavra, e vice-versa. A palavra não é simplesmente a expressão do pensamento; é por meio das palavras que o pensamento passa a existir.
Obviamente, que o planejamento não é uma porção milagrosa capaz de solucionar todos os problemas educacionais, é um instrumento teórico-metodológico eficaz, mas que depende dos seus agentes, tanto aqueles que o elaboram, quanto daqueles que o executam.
É fato que os alunos não aprendem somente na escola, aprendem sim em todo o seu circulo de convivência, contudo, as atividades dentro da escola quando bem programadas, planejadas e executadas dão ao aluno uma gama enorme de conhecimentos que associados ao seu dia a dia formarão cidadãos muito mais conscientes e preparados.
Mas deve-se considerar ainda outro ponto no que se refere ao sucesso do planejamento de ensino, que diz respeito ao comprometimento, pois em hipótese alguma nenhum planejamento terá validade, se os envolvidos não se propuserem a cumpri-lo integralmente, para isso é importante que haja acompanhamento e cobrança que caberá ao corpo diretivo das instituições de ensino, que em discussão com todos (professores, pessoal de apoio, coordenadores pedagógicos) se comprometerão a encontrar mecanismos que garantam o cumprimento de tudo aquilo que todos se comprometam a realizar em um coletivo.
Entenda-se, contudo, que o termo "acompanhamento e cobrança", no seu sentido educacional, que dizer detectar problemas e propor soluções para resolvê-los pelo diálogo honesto, conjunto e democrático.

5 AVALIAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO- APRENDIZAGEM

Diante do exposto, percebe-se que o planejamento de ensino é sem dúvida uma grande saída para a maximização do trabalho do educador, entretanto, é necessário ter a certeza de que os rumos tomados surtem o efeito esperado, ou seja, é preciso avaliar os resultados. Portanto, a função da avaliação é determinar a natureza e a quantidade de mudanças efetuadas no comportamento, em função dos objetivos definidos e das estratégias planejadas. Desta maneira, segundo a lição de Vasconcellos (2000, p. 44) a avaliação é:

Um processo abrangente da existência humana, que implica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar uma tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos.
Isto implica dizer que, no processo de ensino-aprendizagem o educador ao propor uma seqüência de atividades coerentes com a representação das capacidades dos estudantes e com os objetivos propostos pelo planejamento, estará avaliando não só o desenvolvimento dos alunos, mas a sua própria prática docente e o sistema educacional em si. Por isso, o planejamento, que diz respeito a um conjunto significativo de aulas, deverá ser adaptado após cada uma delas, tendo presente às atividades efetivamente desenvolvidas e os resultados efetivamente alcançados e, à proporção que, os pontos de ensino determinados no planejamento são executados, o professor deverá definir o momento em que as avaliações serão aplicadas.
Assim, a avaliação escolar apresenta-se como importante subsídio na análise do planejamento de ensino, pois o professor conhecendo suas falhas poderá trabalhar os pontos que deixaram a desejar dentro da sala de aula. Nesse sentido, a avaliação é parte do processo e deveria ser elemento norteador da análise crítica ou até de modificações no trabalho desenvolvido. Com relação a esse assunto, Manuel e Méndez (2002, p. 13) explicam que:

Deve-se entender que avaliar com intenção formativa não é o mesmo que medir, nem qualificar e nem sequer corrigir; avaliar tampouco é classificar, examinar, aplicar testes. Paradoxalmente, a avaliação tem a ver com atividades de qualificação, medição, correção, classificação, certificação, exame, aplicação de prova, mas não se confunde com elas.

Portanto, a avaliação da aprendizagem fornece ao professor e a escola um importante conjunto de informações, como por exemplo, a eficácia da didática aplicada em sala de aula, que servirão de base para os rumos a serem tomados na prática educacional. Todavia, a avaliação pode ser compreendida como uma crítica do percurso de uma ação, seja ela curta ou prolongada. Enquanto o planejamento dimensiona o que se vai construir, a avaliação subsidia essa construção, porque fundamenta novas decisões.
A avaliação apresenta-se, então, como um sistema de crítica do próprio projeto que é elaborado e que se quer levar adiante, possibilitando a tomada de decisões sobre como melhorar a construção do projeto educacional traçado. E, contribui para identificar impasses e encontrar caminhos para superá-los, pois pode subsidiar acréscimo de soluções alternativas, se necessárias, para um determinado percurso de ação.
Para Luckesi (2002) apud Castanheira e Ceroni (2007) a avaliação atravessa o ato de planejar e de executar e por isso contribui em todo o percurso da ação educativa. A avaliação se faz presente não só na identificação da perspectiva político-social, como também na seleção de meios alternativos e na execução das metas. Por isso, ao fazer o uso adequado da prática avaliativa ela torna-se uma ferramenta importante dentro de todo o processo, isto porque, compreende-se que o processo de ensino-aprendizagem não depende apenas da excelência do planejamento ou da qualidade do material didático empregado para ser efetivado, pois para ter ensino é preciso que se avalie se houve aprendizagem.
A avaliação educativa deve ser uma ação democrática e também processual. Democrática em função da responsabilidade avaliativa não ser função apenas do docente e processual porque não deve ser em nenhuma hipótese, reduzida a aplicação de uma prova onde será atribuída uma nota, pelo contrário, a avaliação da educação dá-se a cada dia na sala de aula, pois inúmeros são os elementos a serem observados, tanto por professores, quanto pelos alunos. Nesse sentido, Castilho e Ribeiro (2000, p. 40) afirmam que a avaliação:

Pode ser agrupada sob três óticas: avaliação como atividade docente de controle, a avaliação como processo (com a participação do aluno) e a avaliação como processo educativo, constituindo-se em atividade docente/discente, e distintas.

Independentemente do tipo de avaliação, cabe ao docente a análise final tanto do que foi compreendido pelo aluno, quanto daquilo que ele (o professor) deveria ter se aprimorado, uma vez que, o resultado da avaliação reflete as ações determinadas no planejamento e se este for um mau resultado, quer dizer que o docente precisa reavaliar primeiramente sua metodologia em sala de aula, já que muitos problemas de aprendizagem têm origem neste item.
O problema com relação à metodologia pode ser solucionado com uma metodologia mais dinâmica, que requeira maior participação por parte dos alunos, podendo também redimensionar o conteúdo e o meio aplicado para a avaliação da avaliação. Em ambos os casos, o objetivo será efetivamente o de melhorar o processo de ensino-aprendizagem, pois no ambiente escolar, a avaliação só faz sentido quando serve para auxiliar o estudante a superar as dificuldades.
A avaliação, assim como o planejamento, deve estar em consonância com a realidade da escola e dos alunos e não deve ser exposta pelos docentes como um acerto de contas, porque uma má avaliação pode acarretar em sérios problemas educacionais, como a falta de estímulo para os alunos que se sentem incapazes e para os professores que vêem sua prática docente não apresentar resultados. De qualquer maneira, o importante é buscar os fatores mais determinantes do insucesso e, a partir daí, rever o que for necessário e dar uma nova oportunidade aos alunos.
Neste contexto educacional moderno, em que as informações chegam aos discentes em grande volume e com imensa rapidez, o processo avaliativo deve exige do professor uma postura de permanente indagação perante suas propostas de ensino, transformando cada plano de trabalho numa hipótese a ser testada em sala de aula, conferindo ao ensino um caráter de pesquisa e dando suporte à perspectiva de flexibilidade da proposta perante a realidade escolar. Portanto, a avaliação escolar, serve, entre outras coisas, para orientar todo o sistema educacional no que diz respeito a que rumos devem ser tomados.
Planejar aulas despertando nos alunos uma visão crítica da realidade, e avaliá-lo considerando suas percepções certamente deixará o aluno mais seguro durante o processo educacional e permitirá ao docente, por sua vez, ampliar sua ação pedagógica dentro do sistema educacional.

6 CONCLUSÃO

O trabalho do educador, com certeza é fascinante, tendo em vista os percalços por que passa para exercer sua função. O processo de ensino-aprendizagem, obviamente que não depende apenas do educador, mas de alicerces como um objetivo claro, um planejamento realista e uma avaliação contínua.
Nesse sentido, o planejamento de ensino é apontado nesta pesquisa como o ponto de partida para o sucesso da prática educativa, pois é a partir dele que todo o processo educacional se desenvolverá. Entretanto, assim como inúmeras outras atividades exercidas pelo homem, a tarefa de educar ainda tem questões fundamentais sem respostas precisas, como quem educar? E como educar? Que os educadores através do ato de planejar buscam responder.
Todavia, nenhuma etapa da educação pode ser pensada como fato isolado, como por exemplo, pensar em planejamento sem associar a avaliação e assim sucessivamente. Então, o que se pode dizer é que as reflexões apresentadas neste artigo mostram que o planejamento está longe de ser uma tarefa isolada e meramente burocrática, mas que o bom resultado da prática pedagógica depende em muito de sua elaboração, não apenas do planejamento de ensino, mas do planejamento como um todo.
Logo, diante do atual quadro educacional, onde surgem a cada dia novos recursos didáticos e o aluno está cada vez mais diante de novos desafios tecnico-científicos, a educação apresenta-se como diferencial competitivo e por isso deve ser extremamente bem planejada. Assim, o planejamento irá refletir tanto na eficiência do trabalho pedagógico, quanto na qualidade do sistema educacional de forma generalizada.

ABSTRACT

The act of planning is an activity that is part of everyday human being, being present in simple actions as the actions for the weekend and especially in more complex actions to determine what it takes to teach or how best to transmit knowledge. And starting from the premise that planning is the relationship between thinking and doing, this paper aims at analyzing the importance of planning the teaching process - learning in educational practice in this global society, using for both the literature a descriptive qualitative, where one can see that through technological innovation and new areas of knowledge were no significant changes in the school profile demanding more of teachers teaching a refreshing and progressive.

Key-words: Planning. Process of teaching and learning. Teaching practice.

REFERÊNCIAS
AVELLAR, Rita Quaresma. O ato de aprender. Disponível em:< Http://Navedahistoria.Blogspot.Com/2009/08/Paulo-Freire.Html.>. Acessado em 12 de setembro de 2009.

BAFFI, Maria Adélia Teixeira. O planejamento em educação: revisando conceitos para mudar concepções e práticas. In.: BELLO, José Luiz de Paiva. Pedagogia em Foco, Petropólis, 2002. Disponível em:
. Acessado em 15 de setembro de 2009.

CASTANHEIRA, Ana Maria; CERONI, Mary Rosane. Reflexões sobre o processo de avaliar docente contribuindo com sua formação. Revista da Avaliação da Educação Superior. Vol.12. nº4. Sorocaba, SP. 2007. Disponível em: . Acessado em 12 de setembro de 2009.
CASTILHO, Maria T. de J & RIBEIRO, Amélia E. do A. Avaliação escolar: contribuições do direito constitucional. Rio de Janeiro, RJ: Wak, 2000.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

FUSARI, J.C. O papel do planejamento na formação do educador. São Paulo: SE/CENP, 1989.

GADOTTI, M.; FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. Pedagogia: diálogo e conflito. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2000.

GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar e aprender com sentido. São Paulo: Cortez, 2002.

GANDIN, D. A prática do planejamento participativo. 2.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994.

_________ . Planejamento como prática educativa. 7.ed. São Paulo: Loyola, 1994.

HOFFMANN, Jussara M.L. Avaliar para promover: as setas do caminho. 4ª Ed. Porto Alegre: Mediação, 2003.

MANUEL, Juan & MÉNDEZ, Alvarez. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto Alegre: Artmed, 2002.

SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez/Autores Associados, 1987

TURRA, Clódia M. Godoy. et.al. Planejamento de ensino e avaliação. Porto Alegre: Sagra-DC Luzzatto, 1998.

VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação da aprendizagem: práticas de mudança por uma práxis pedagógica. São Paulo: Libertad, 1989.

VASCONCELLOS, C. dos S. Planejamento: projeto de ensino aprendizagem e projeto político-pedagógico. São Paulo: Libertad, 2002.

VEIGA, I. P. A. (Org.) Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 23. ed. Campinas, SP: Papirus, 2001.